Estes autores merecem ser lidos...

Gurupi - Tocantins












Tens o andar faceiro da ema...
O esplendor da cauda do pavão...
A beleza do canto do cancão...
A amizade ta no teu lema...

Ruas com odor de alfazema...
Olor da mais pura afeição...
As tuas mulheres têm no coração...
A branquidão da flor açucena...

Do calor ardente da morena...
A escolhida na tua multidão...
Mesclada como flor de verbena...

A tua fé exala a oração...
Mostrada no poder da novena...
És tu Gurupi, a minha paixão.

Arimatéia Macêdo – www.arimateia.com

(citações) Voltaire e William Somerset Maugham

O mérito da poesia,
é que ela diz mais do que a prosa,
com menos palavras.

Voltaire

Coloco-me no primeiro lugar dos escritores de segunda classe.

William Somerset Maugham

O Azul Celestino das Pombas

O cheiro doce
da terra já lavrada
atrai os pássaros
em cada madrugada...

A terra vermelha
foi molhada.
Não há nada a perceber
depois das chuvas...

Só mais tarde
a seara
ondulará ao sol
e haverá mel nas uvas...

Agora,
é o triângulo
que une os braços
da charrua ao solo
que semeia as virtudes.
O querer, o saber e o poder
num olho garço imenso
que ilumina
os desígnios das alfaias.

No fogo já extinto
das tardes calmas,
os frutos maduros
serão por fim
oferecidos
às pombas
e desse azulecer
se fará o pão
das nossas almas!

José Dias Egipto

SAGA PARA ODE

é preciso a distância para chegar
onde o poema parte e se reparte no léxico verde do teu corpo
com cinzas nocturnas e a madrugada nas mãos

é preciso o lugar ainda que doa
a emoção azul de sangrar por dentro
com o pensamento na galáxia terna do olhar

é preciso tudo como haver morte e flores
na raiz ao vento dos braços inteiros que se deram
por um nome uma ideia rubra nos lábios da liberdade

é preciso ver musgo e alegria até as ilhargas
da tua imagem garça a deslizar
e sorver água na exuberância lustral dos teus seios

é preciso a insurrecta solidão dalguns dias
quando os arquipélagos de ser dizem barco
e os teus passos espreitam
e tímidos percorrem o horizonte coral do silêncio

é preciso inventar-te porque existes
enquanto os deuses adormecem nas páginas dos livros
e o real é a infinita medida do canto
como acender as luzes ao meio-dia
e no mais sol das pétalas abertas
verter a seiva a singrar na terra

é preciso, meu amor, percorrer o tempo que nos deram
suspensos onde estamos nas pálpebras do verão

Luís Carlos Patraquim

do livro(Monção, p. 55-56)

PATRAQUIM, Luís Carlos. Monção. Edições 70. Lisboa, 1980.

FORMAS

Há sempre uma madrugada
em que os candelabros de ouro enaltecem
as tuas formas,
a tua alquimia de pecado e volúpia,
há sempre,
no teu sorriso breve,
uma brisa que regressa do mar,
trazendo o lamento dos náufrafos,
a sua sede irremediável.
Nestas horas de assassinada alegria
ergues os braços e uma súplica,
mas ninguém te ouve, ninguém te vê,
encerrada numa túnica de cores puras.

José Agostinho Baptista
ANJOS CAÍDOS
Assírio & Alvim, 2003

http://www.jabaptista.com/