Estes autores merecem ser lidos...

Rogério Martins Simões

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Fanny


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Claudia Balsabino

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Glória Müller

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Ricardo Calmon

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Luiz Rogério de Carvalho

"A Velha do Saco" ver aqui

A condição de vida miserável, nas mais diversas circunstâncias, pode fazer do ser humano um elemento que passa a ser visto por todos, não como estorvo, mas diferente, e até mesmo como motivo de diversão, para uns poucos.

Assim foi que, em Blumenau, durante muitos anos tornou-se conhecida de todos a “Velha do Saco”. Sempre carregando um saco de estopa, cheio não se sabe de quê, pela mão uma linda menina, loirinha, que lhe fizera algum desalmado e irresponsável, ela perambulava pelas ruas da cidade e, sem incomodar, abordava todas as pessoas, pedindo algum dinheiro. De origem alemã, mal falando português, pedia num linguajar enrolado, que saía algo assim como “smol?”.

Como em torno dessas pessoas sempre circulam histórias diferentes, uns diziam que ela e filha dormiam debaixo de uma ponte, enquanto outros afirmavam que ao longo dos anos, com o produto de tantas esmolas, tinha adquirido uma bela casa, onde morava confortavelmente.

Também esta era mais uma fantasia, inventada para tornar ainda mais diferente a triste figura da pobre “Velha do Saco”, pois, na realidade, ela e filha moravam num mísero casebre, em um bairro distante do centro da cidade, para onde rumavam todos os dias, ela sempre carregando às costas seu pesado fardo.

Tantos foram os anos em que se viu aquela pobre figura, com seu pesado saco, perambulando pelas ruas da cidade, antes sozinha, depois acompanhada da pequena filha, que alguém tomou a iniciativa de lhe retirar a menina, e procurar, para ela, um lugar num asilo, para abrigá-la em sua velhice, que precocemente já havia chegado.

Depois de uma longa espera por uma vaga, a “Velha do Saco”, com o enxoval que lhe foi doado por membros da comunidade, foi conduzida para o “Asilo São Simeão” para, na companhia de outros velhinhos, com um pouco mais de conforto terminar seus dias.

Pouco mais de um ano foi o tempo que ela ficou no asilo, pois, pelas ruas da cidade logo foi notada a sua presença e, novamente, voltava a abordar as pessoas, sempre com seu lacônico pedido: “smol?”.

Marina Pastor Diez

SANTA CRISTINA DE LENA (ASTURIAS) Ver aqui...

“ASTURIAS, TU TIERRA”
Es domingo.es domingo y el sol brilla,
Mi ventana está inundada de fulgor,
El corredor resplandece, la reguera…
Transparenta y los chorros de sus aguas…
Son estrofas al amor.

Los prados de varios verdes con flores multicolor…
Son alfombras, son cortinas, son encajes de la Virgen
Son el perfume de Asturias y el eco de una canción.
Un camino a la derecha y en el fondo un gran cañón,
Unas vallas lo dividen y un letrero de… “peligro”
Invita a verlo mejor.

El camino engalanado, con zarzas a cada lado
Como barrera y dolor y, entre espinos y flotando,
Con las zarzas combinando, las rosas abren su flor.
Entre el verde de los prados, campanillas de morados
Y amapolas de rubí alternan con margaritas,
Las guías de amor benditas que indican el no o el sí.
Una manta de helecho, una higuera como techo
Y diez cerezos en flor.

Una cuadra abandonada, una lechera olvidada,
Una madreña rajada y el zurrón de un cazador.
Todo desde mi ventana.
Ese río, su rumor, ese prado de esperanza,
Ese perfume, esa danza de pajarillos de amor;
Ese sol comprometido a calentar ese nido
Y hacer de capullo flor.

Cuatro gotas por la tarde, el arco iris se abre…
Y de nuevo todo amor.
Unas señoras lavando, a flor de aquel riachuelo,
Las rodillas en el suelo y felizmente cantando,
Unos terneros pastando en este prado verdoso.
Emilio, lo más hermoso!¡ tu tierra es un paraíso !
Por la ventana diviso una ermita en un bancal
Protegida de un rosal que da vuelta al edificio.
La ermita fue al sacrificio que la historia guarda ya
Santa Cristina de Lena.

Qué más te puedo contar si esta tierra con el cielo
La separa sólo un velo y en él puedes penetrar.
Desde el Puerto de Pajares ya empieza a verse precioso
Un paisaje venturoso que acaba al confín de Llanes.
En fin que todo es hermoso, es una tierra radiante
La comparo a un diamante y es tan bella como el mar.

Autora: Marina Pastor Diez
.Esta carta poética se la escribí a Emilio…
La primera vez que visité su tierra…( Asturias)

Sara L. Miranda

"Diz! Eu acredito" Ver aqui...

Fala-me das tuas guerras.
Esquece por um momento os deveres que te impoem.
E fala-me sem medo, de quem te agride tantas vezes.
Fala-me dos teus receios.
Fala comigo, liberta esse tumor.
Eu estou aqui. Toma as minhas mãos.
Acredito em ti!
Fala-me do teu coração que se esconde nessas guerras vivas de todos os dias.

Encolhes-te, enrolas-te onde a luz te não descobre.
Esboças esses gestos de temor.
Mas o teu maior medo é trazer à luz a verdade.
E mesmo assim ainda encaras com esse olhar humilde e submisso quem te maltrata.

Fala-me dos teus dias de chuva.
Há quanto tempo para ti o sol não brilha?
Conta-me de que são feitos os teus dias.
Que milagre seria preciso para que o medo e a tristeza, que como um manto cobrem os teus olhos, se transformassem num sorriso?
Fala-me dos muitos gritos que te sufocam, assombram o teu corpo, o magoam.
Fala comigo devagarinho. Passo a passo. Uma coisa de cada vez.
Fala-me ainda...mesmo que penses que tudo já foi dito.
Liberta o teu sofrimento.
Partilharei contigo a dor que te consome.
Fala comigo, fala comigo!
Até que, o que agora é mágoa se transforme num vazio.
Pois, pouco a pouco, vamos tentar que no seu lugar morem coisas lindas: sorrisos, alegria, música. E porque não...amor?!

Na penumbra do quarto, de mãos trémulas, fazes a cama onde, em vez do sono tranquilo...apenas encontras o desassossego.
Não te podes fechar no esquecimento.
A solidão não é boa companheira.
Não podes abandonar a tua vida.
Mas podes sempre mudar o seu rumo.
Nunca mais voltes a suplicar.
Transforma a tua guerra na busca pela felicidade e alegria que mereces.

De todas as lutas, a única que vale sempre a pena, é a que fazemos todos os dias pela nossa felicidade e pelo nosso lugar no Mundo.
Depois, partilhamos as nossas vitórias.
É essa a nossa Vitória.

Doroni

MEMÓRIAS... ver aqui

Quantas saudades da minha casinha antiga
naquela ruazinha escura, mais antiga ainda,
onde as lamparinas tremeluziam em cada esquina
e os arvoredos assombravam com o clarão da lua.


E me parecia então, que todos os fantasmas
se encontravam ali, num cantinho escuro,
atrás da sebe, atrás da cerca, atrás da casa,
esperando um momento para se manifestar.


Mas eu não tinha medo senhores
daqueles seres que nada de mal faziam,
a não ser assustar os viajantes retardatários
que se atreviam a passar por aquela ruazinha.


Mas às vezes, quando eu me retardava
na casa de algum vizinho mais adiante,
e voltava assustada para casa...
Além dos meus passos apressados, saltitantes,
e do meu coração que batia feito louco,
eu sentia que todos os fantasmas me espreitavam.


E quando chegava em frente ao meu portão
este ia se abrindo vagarosamente,
sem que ao menos nele eu tocasse.
E ao erguer os olhos para a minha porta,
esta também ia se abrindo lentamente,
como que tocada por mãos imaginárias.


Depois, segura no aconchego do meu quarto
eu dizia para mim e meus botões:
"--Fui eu mesma quem abriu a minha porta,
--Fui eu mesma quem abriu o meu portão!"

Elaine Siderli