O cheiro doce
da terra já lavrada
atrai os pássaros
em cada madrugada...
A terra vermelha
foi molhada.
Não há nada a perceber
depois das chuvas...
Só mais tarde
a seara
ondulará ao sol
e haverá mel nas uvas...
Agora,
é o triângulo
que une os braços
da charrua ao solo
que semeia as virtudes.
O querer, o saber e o poder
num olho garço imenso
que ilumina
os desígnios das alfaias.
No fogo já extinto
das tardes calmas,
os frutos maduros
serão por fim
oferecidos
às pombas
e desse azulecer
se fará o pão
das nossas almas!
José Dias Egipto
SAGA PARA ODE
é preciso a distância para chegar
onde o poema parte e se reparte no léxico verde do teu corpo
com cinzas nocturnas e a madrugada nas mãos
é preciso o lugar ainda que doa
a emoção azul de sangrar por dentro
com o pensamento na galáxia terna do olhar
é preciso tudo como haver morte e flores
na raiz ao vento dos braços inteiros que se deram
por um nome uma ideia rubra nos lábios da liberdade
é preciso ver musgo e alegria até as ilhargas
da tua imagem garça a deslizar
e sorver água na exuberância lustral dos teus seios
é preciso a insurrecta solidão dalguns dias
quando os arquipélagos de ser dizem barco
e os teus passos espreitam
e tímidos percorrem o horizonte coral do silêncio
é preciso inventar-te porque existes
enquanto os deuses adormecem nas páginas dos livros
e o real é a infinita medida do canto
como acender as luzes ao meio-dia
e no mais sol das pétalas abertas
verter a seiva a singrar na terra
é preciso, meu amor, percorrer o tempo que nos deram
suspensos onde estamos nas pálpebras do verão
Luís Carlos Patraquim
do livro(Monção, p. 55-56)
PATRAQUIM, Luís Carlos. Monção. Edições 70. Lisboa, 1980.
onde o poema parte e se reparte no léxico verde do teu corpo
com cinzas nocturnas e a madrugada nas mãos
é preciso o lugar ainda que doa
a emoção azul de sangrar por dentro
com o pensamento na galáxia terna do olhar
é preciso tudo como haver morte e flores
na raiz ao vento dos braços inteiros que se deram
por um nome uma ideia rubra nos lábios da liberdade
é preciso ver musgo e alegria até as ilhargas
da tua imagem garça a deslizar
e sorver água na exuberância lustral dos teus seios
é preciso a insurrecta solidão dalguns dias
quando os arquipélagos de ser dizem barco
e os teus passos espreitam
e tímidos percorrem o horizonte coral do silêncio
é preciso inventar-te porque existes
enquanto os deuses adormecem nas páginas dos livros
e o real é a infinita medida do canto
como acender as luzes ao meio-dia
e no mais sol das pétalas abertas
verter a seiva a singrar na terra
é preciso, meu amor, percorrer o tempo que nos deram
suspensos onde estamos nas pálpebras do verão
Luís Carlos Patraquim
do livro(Monção, p. 55-56)
PATRAQUIM, Luís Carlos. Monção. Edições 70. Lisboa, 1980.
FORMAS
Há sempre uma madrugada
em que os candelabros de ouro enaltecem
as tuas formas,
a tua alquimia de pecado e volúpia,
há sempre,
no teu sorriso breve,
uma brisa que regressa do mar,
trazendo o lamento dos náufrafos,
a sua sede irremediável.
Nestas horas de assassinada alegria
ergues os braços e uma súplica,
mas ninguém te ouve, ninguém te vê,
encerrada numa túnica de cores puras.
José Agostinho Baptista
ANJOS CAÍDOS
Assírio & Alvim, 2003
http://www.jabaptista.com/
em que os candelabros de ouro enaltecem
as tuas formas,
a tua alquimia de pecado e volúpia,
há sempre,
no teu sorriso breve,
uma brisa que regressa do mar,
trazendo o lamento dos náufrafos,
a sua sede irremediável.
Nestas horas de assassinada alegria
ergues os braços e uma súplica,
mas ninguém te ouve, ninguém te vê,
encerrada numa túnica de cores puras.
José Agostinho Baptista
ANJOS CAÍDOS
Assírio & Alvim, 2003
http://www.jabaptista.com/
Subscrever:
Mensagens (Atom)